segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Problemas causados pelo computador na área de educação (2/2)


Falta de maturidade para usar o computador
          Pesquisa realizada na Universidade de Munique, envolvendo 174 mil estudantes de 31 países, indicou que aqueles que usam o computador com mais freqüência tem um desempenho acadêmico pior do que aqueles que raramente, ou quase nunca, o utilizam. [2]
          Outra experiência, na Universidade de São Paulo, constatou que os jovens na faixa etária de 17 anos interessavam-se em saber a relação deles com a máquina, no que a informática poderia ajudar no futuro de cada um. Porém a turma de alunos na faixa etária dos 15 anos interessava-se apenas em brincar com a máquina. Esta experiência demonstrou que o pensamento abstrato Stuttgart, na Alemanha. Aposentou-se como professor titular do Departamento de Ciência da Computação da USP. forçado pelo computador prejudica os jovens até a idade de 16-17 anos, forçando-os a utilizarem uma
linguagem e um tipo de pensamento que são adequados após o desenvolvimento de uma maturidade mental.[8]
          De acordo com o professor Stezer, o uso do computador deve ser utilizado nas escolas com alunos na faixa dos 17 anos, pois é nesta fase da vida que o jovem começa a desenvolver a maturidade.
          Segundo a conceituação que o professor Setzer utiliza em educação, baseada na Pedagogia Waldorf, que tem vasta literatura e experiência prática desde 1919, contando com aproximadamente 1000 escolas no mundo e cerca de 18 no Brasil, esse pensamento abstrato é muito prejudicial às crianças.[9]
          Para o coordenador cientifico da Escola do Futuro – núcleo da Universidade de São Paulo que pesquisa a aplicação de novas tecnologias de comunicação na educação – Fredric Michael Litto, há uma questão cultural envolvida na má formação de professores quando o assunto é tecnologia. Argumenta ainda, que “por falta de dinheiro e planos pedagógicos um profissional da educação não está bem preparado".
          E acrescenta que isso tem origem na própria faculdade de educação, que não oferece disciplinas específicas na área de novas tecnologias. “Elas formam analfabetos tecnológicos”.[10]

Plágio e qualidade nas pesquisas
          Outro fato ligado ao uso do computador é a pesquisa de trabalhos escolares na Internet.
Pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIBr) em união com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre Internet no país, realizada em 2005, onde foram pesquisados 140 mil domicílios, mostra como resultado
que 11,48% utilizaram a Internet para realizar atividades escolares. Este crescente aumento reforça o plágio de trabalhos escolares.[11]
          Para minimizar os efeitos do computador na educação, alguns educadores defendem a idéia de que se deve inserir duas disciplinas nos programas educacionais, sendo uma pré-requisito da outra.[12]
         A primeira deveria ser baseada em aspectos psicológicos, no intuito de alertar os futuros integrantes da Era Digital a não se deixarem levar pelas suas armadilhas. Ensinar a ver o computador como um instrumento, uma ferramenta que deve trabalhar para o ser humano, sem que este precise mudar seu modo de viver, seus gostos e seus costumes. Ensinar que não se pode abdicar do emprego do lápis, da caneta, e principalmente, de um bom português. Enfim, ensinar que não se deve jogar fora certos princípios de vida.[12]
         E outra disciplina seria para apresentar aos alunos o computador e a forma de utilizar esta ferramenta da melhor maneira possível, mas com os cuidados e precauções necessários.[12]
Plágios em trabalhos escolares são cada vez mais comuns depois do acesso de estudantes à Internet.
          Não é uma doença nova, mas a facilidade com que se reproduz – e a banalização desse recurso desonesto – torna as antigas copias literais pálidos exemplos de um tempo em que até para enganar um professor era preciso esforço físico e intelectual.

Discussão
          Observa-se que algumas opiniões dos autores, como o caso do professor Setzer, que afirma que a idade de 17 anos seria a ideal para iniciação do jovem na informática ou a afirmação da professora Núria Villardell, que diz que o professor deveria indicar os sites para pesquisa escolar, percebe-se no primeiro caso que as escolas tendem a iniciar com a informática cada vez mais cedo e com maior número de participantes, porém sem cuidados e preocupações com a aturidade psicológica dos alunos. Deve-se, então, introduzir a criança no convívio com a informática de um a forma mais gradual, azendo com que a criança se adapte a esta nova tecnologia aos poucos, sem que se traga danos ao seu desenvolvimento.
          Quanto a sugestão da professora Núria, pode-se afirmar que a indicação de sites para pesquisa causa a limitação da criatividade e a busca de fontes diferentes para a elaboração do trabalho. Deve-se despertar no aluno, a consciência da busca por informações confiáveis, visando mais do que as fontes de pesquisa, o real aprendizado do aluno sobre o tema proposto.

Conclusão
          A pesquisa realizada demonstrou que o computador facilita práticas como plágio e pesquisas mal elaboradas. Foi demonstrado também que a falta de orientação e facilidade de uso leva as pessoas a escreverem de maneira incorreta e o que é mais grave, sequer sabem explicar sobre o que escreveram.
          O jovem deve ter uma maturidade grande para se controlar e evitar ser dominado pela máquina, e assim, poder desfrutar com responsabilidade do computador, longe da destrutiva alienação que o uso indevido desta máquina pode provocar.
          Conclui-se que, mais importante do que seguir uma tendência imposta pela informática nas escolas, é necessário analisar ao males provocados no aprendizado e desenvolvimento humano dos alunos, para que os problemas sejam evitados e que se desenvolva um processo de acompanhamento dos alunos na relação com o computador, para que o mesmo seja utilizado comoferramenta de auxílio na educação e não como objetivo fim da mesma, evitando-se que o computador seja  utilizado como uma “muleta” para justificar o baixo desempenho educacional dos alunos.

Referências

[1] P.C. Luft, “Mini Dicionário Luft”, 20ª edição, Ed. Ática, 2000.
[2] P. Lima, “O Mestre imaginário”, Balaio de Notícias, Aracaju, Edição 83, 09/10/2005.
Disponível em: . Acesso em: 13/05/2006.
[3] F. C. S. Fonseca, “Herrus di portugueis”,23/12/2005. Disponível em:
t=view&cid=14&aid=763>. Acesso em:13/05/2006.
[4] D.Yuri, “Cérebro Novo”, Folha Online,16/03/2006. Disponível em: . Acesso em
13/05/2006.
[5] J. F. Monte, “Internet, a síndrome do momento. Uso em excesso também gera vícios, semelhantes aos de uma droga”, Jornal Revelação. Disponível em: . Acesso em: 13/05/2006.
[6] D. Galera, “O manifesto pela Metade de Jaron Lanier: Cibercultura e Ideologia”. Anais do XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Campo Grande, MS, 07/09/2001.
[7] W. Setzer, “Uma Revisão de Agumentos a Favor do Uso de Computadores na Educação Elementar”. Dispinível em: <
http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/argsport.html%3E.Acesso em: 13/05/2006.
[8] T. Guimarães, “Abaixo o Computador”,13/04/2004. Disponível em <http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/abaixo-o-computador.htm>. Acesso em :13/05/2006.
[9] V. W. Setzer, “Pedagogia Waldorf”. Disponível em: . Acesso em: 13/05/2006.
[10] F. Curi, “Sem nenhum esforço”, Revista Educação, Ed. Segmento, ano 28, 10/2001, p. 30-34
[11] D. Getschko, R. Santanna, “CGI.br divulga indicadores inéditos sobre a Internet no país”. 10/2005. Disponível em:
http://www.cgi.br/releases/2005/rl-2005-07.htm Acesso em: 13/05/2006.
[12] J.A..F.A. Osório, “ Digitalização do ser humano”. Universidade de Caxias do Sul.


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